Esta constelação do hemisfério sul está no meio de uma das jazidas mais ricas da Via Láctea e, sob um céu escuro, é assombrosa.
Com binóculos podem observar-se no seu interior pelo menos meia dúzia de brilhantes grupos abertos. A Quilha faz parte de uma constelação que antes era conhecida por Argo Navisw (o Barco de Argo), a nave em que Jasão e os Argonautas embarcaram para procurar o Tosão de Ouro. Argo Navis cobria uma área tão extensa do céu que acabou por ser dividida, por Lacaille em 1754, em três constelações separadas: Puppis (a Popa ou Ré), Vela e Carina (a Quilha) e tendo uma quarta sido idealizada por si: Pyxis (a Bússola).
Desse navio antigo, é apenas visível a metade posterior, tendo a tradição definido que o resto da embarcação não era visível por estar envolta em nevoeiro, ou porque o episódio celebrado nesta constelação se referia ao momento em que o Argo se lançara na travessia dos Rochedos Azuis que estariam, por isso, a ocultar a proa.
Esta constelação, a Quilha, representa como o nome indica, a quilha do navio Argo. Localiza-se no céu com facilidade por conter estrelas brilhantes no seu interior.
O genitivo, usado para formar nomes de estrelas, é Carinae.
Alpha Carinae (Canopus) - Esta supergigante amarela, é a segunda estrela mais brilhante do céu, encontrando-se a mais de 300 anos-luz de distância. Uma lenda grega conta que este seria o nome próprio do piloto e comandante da frota de Menelau, rei de Esparta que teria tomado e destruído a cidade grega de Tróia, devido ao rapto da sua esposa Helena por parte do rei Páris. Durante uma ida a terra da comitiva de Menelau num porto egípcio, Canopo salvou o rei de ser mordido por uma serpente venenosa, acabando por falecer devido ao seu acto heróico. Em sua homenagem, não só esta importante estrela, como também a cidade portuária (atual Abu Qir) teriam passado a chamar-se ambas "Canopo".
Eta Carinae - É uma estrela variável, talvez uma das mais estudadas pelos cientistas que se encontra a cerca de 7500 anos-luz de distância. De tamanho muito grande (segundo a estimativa mais alta, o seu raio pode medir cerca de 135 milhões de km - 0,9 UA), foi pela primeira vez catalogada em 1677 por Edmond Halley.
O que torna Eta Carinae especial é o seu brilho muito instável e de forma extremamente rápida, devido à poeira e o encobrimento da estrela maior pela menor, ao contrário das outras estrelas visíveis a partir da Terra. Em 1830, brilhava tanto como Sirius (a estrela mais brilhante).
Tudo indica tratar-se de uma sistema binário de estrelas muito próximas uma da outra. A estrela de menor diâmetro é a mais quente (30 000 °C) e a outra com o triplo do diâmetro é mais fria (15 000 °C), mas duas vezes mais brilhante. Este sistema estelar está envolto numa densa nuvem de gases e poeiras, que forma uma nebulosa 400 vezes mais extensa do que o Sistema Solar, conhecida como a Nebulosa de Eta Carinae (ou NGC 3372). A perda de luminosidade deve-se, possivelmente, a uma consequência da aproximação máxima entre as duas estrelas.
É, de facto, uma das estrelas mais famosas e estudadas do céu, não só por ser uma das mais maciças da nossa galáxia, como também por ser, de entre todas elas, a que mais próxima se encontra de explodir numa brilhante supernova. Esta possibilidade é considerada por muitos cientistas pois, para além de não ser surpreendente que o fenómeno fosse observado nos próximos 100 anos ( por, na verdade, já ter ocorrido no local, há mais de 7 000 anos atrás ), a violência da explosão poderá fazer chegar à Terra alguns dos efeitos decorrentes da mesma, apesar de nos encontrarmos a 7 500 anos-luz de distância da Eta Carinae.
NGC 3372 - Trata-se de uma nebulosa difusa (de emissão) chamada Nebulosa da Carina. Aqui se encontra a famosa Eta Carinae e sua nebulosa envolvente. Abaixo de Eta Carinae, encontra-se a Nebulosa da Fechadura. Visível a olho nu e muito bela de se observar mesmo apenas com uns binóculos, por apresentar uma magnitude de 1, a Nebulosa da Carina é maior do que a Nebulosa de Orion.
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